Gulp: Automatizando tarefas sem Dificuldade

1 de agosto de 2022
Ronaldo B.

No último artigo nós falamos sobre o Grunt. Você pode conferir essa matéria no link abaixo:

Conhecendo Grunt: O Task Runner em JavaScript

Quando foi lançado em 2012, o Grunt fez muito sucesso e começou a ser usado por muitos desenvolvedores. Contudo, no ano de 2013, o Gulp foi lançado e hoje ele é bem mais usado e conhecido, com a impressionante marca de aproximadamente 1.300.000 downloads por semana.

Neste artigo iremos falar sobre seus recursos, já focando em sua última versão, 4.0, e conseguiremos entender o motivo de ele ser tão usado. A verdade é que o Gulp é bem simples de implementar e mais rápido do que o Grunt. Além disso, o seu arquivo de configuração é menor. Tudo isso faz com que muitas pessoas optem por usar o Gulp.

Para conseguir realizar uma comparação entre essas duas ferramentas de automatização, vamos usar o mesmo projeto que criamos no artigo anterior, mas agora usaremos o Gulp.

Como instalar o Gulp?

O Gulp, assim como o Grunt, foi desenvolvido em JavaScript e é executado no Terminal. Por isso, iremos usar o Node.js mais uma vez. Lembrando que se você não possuir o Node, poderá conferir nosso vídeo no YouTube onde ensinamos a instalar essa ferramenta, clicando aqui.

Vamos agora instalar o Gulp através da linha de comando. Para isso, execute o seguinte no Terminal:

npm install gulp-cli -g

Com esse comando iremos instalar o CLI do Gulp em nosso computador de maneira global, tornando-o acessível em qualquer projeto.

Adicionando o Gulp ao Projeto

A estrutura de pastas será igual à do projeto em Grunt. Será necessário iniciar um projeto em Node neste diretório. Assim, vamos executar npm init -y em nosso Terminal.

O primeiro módulo que iremos instalar é o próprio Gulp. Iremos executar o seguinte comando:

npm install gulp --save-dev

O próximo passo será criar um arquivo chamado gulpfile.js em nosso diretório raiz. Iremos realizar o import do módulo do gulp com a linha de código a seguir:

const gulp = require('gulp');

Agora estamos prontos para desenvolver nossos exemplos. Talvez você já tenha visto em alguma documentação ou tutorial sobre o gulp.task(), responsável por criar uma tarefa no Gulp. Esse método ainda existe. Contudo, na versão 4.0, o modo de criar tarefas mudou um pouco. Agora é recomendado que criemos uma função que irá definir o que a tarefa irá realizar. Depois, devemos exportar essa função por meio do exports do Node com um identificador. E esse identificador será reconhecido como o nome da tarefa. Vamos criar um primeiro exemplo para entender isso melhor. Vamos criar a tarefa que irá unir todos os arquivos CSS em um só e depois irá minificá-lo.

Para essa primeira tarefa, vamos precisar de três módulos: 1) gulp-concat (responsável por juntar os arquivos), 2) gulp-cssmin (responsável por minificar os arquivos) e gulp-rename (responsável por mudar o nome dos arquivos, se desejarmos). Para instalar os três de uma vez só, vamos executar o seguinte comando:

npm install gulp-concat gulp-cssmin gulp-rename --save-dev

Para realizar o import deles no projeto, vamos usar o seguinte código:

const concat = require('gulp-concat');
const cssmin = require('gulp-cssmin');
const rename = require('gulp-rename');

Vamos criar nossa primeira função, que chamaremos de stylesMethod(). Ela possuirá a seguinte sintaxe:

function stylesMethod() {

    return gulp.src("./assets/css/*.css")
    	.pipe(concat("all.css"))
    	.pipe(cssmin())
    	.pipe(rename({ suffix: ".min" }))
    	.pipe(gulp.dest("./dist"))
;
    	
}

Explicando: nós usamos o método src() do módulo gulp para encontrar todos os nossos arquivos CSS dentro da pasta desejada. Usamos também o método pipe(), que está associado com um conceito muito interessante do Node.js que são os streams. Esse método é um dos grandes responsáveis pela excelente performance do Gulp.

Dentro de cada método pipe() nós executamos alguma função. Executamos o concat(), informando o nome do arquivo que será gerado após a concatenação, usamos o cssmin() para realizar a minificação desse mesmo arquivo, realizamos a chamada do rename() para adicionar o sufixo “.min” ao arquivo final e por fim usamos outro método do Gulp chamado .dest() para definir o diretório que desejamos que o arquivo final seja gravado. Apenas um detalhe: é muito importante que usemos o return nas funções, para que nenhum erro seja retornado no Terminal.

E nossa função já está pronta. Precisamos agora exportá-la como uma tarefa. Para isso, basta usar a seguinte linha de código no final do arquivo:

exports.styles = stylesMethod;

A tarefa se chamará styles. Para testá-la, basta executar o seguinte no Terminal:

gulp styles

Ao fazer isso, vemos o seguinte resultado:

Resultado em nosso Terminal

A tarefa foi executada corretamente e sem erros. Se formos até a pasta dist, encontraremos o arquivo all.min.css, com o seguinte conteúdo:

Conteúdo do arquivo all.min.css

Nosso arquivo foi corretamente minificado e concatenado, e a nossa tarefa ficou bem menor em comparação com o arquivo do Grunt. Bem mais simples, não concorda?

Vamos fazer o mesmo para os arquivos JavaScript. Nós iremos baixar apenas o módulo gulp-uglify para a minificação dos arquivos (poderíamos usar o gulp-jsmin também se desejássemos). Para realizar sua instalação, vamos executar o seguinte comando:

npm install gulp-uglify --save-dev

O import dele em nosso código ficará assim:

const uglify = require('gulp-uglify');

E iremos criar uma função chamada scriptsMethod(), que conterá a seguinte sintaxe:

function scriptsMethod() {

   return gulp.src("./assets/js/*.js")
   	.pipe(concat("all.js"))
   	.pipe(uglify())
   	.pipe(rename({ suffix: ".min" }))
   	.pipe(gulp.dest("./dist"));
   
}

Note que pudemos reaproveitar os outros módulos que já havíamos instalado. Apenas o uglify() foi diferente. Para exportar essa função como uma tarefa, iremos usar o seguinte código:

exports.scripts = scriptsMethod;

Para testar essa tarefa, vamos executar gulp scripts em nosso Terminal. O resultado será o seguinte:

Resultado do Gulp em nosso Terminal

A tarefa executou corretamente, excelente! Se formos ao diretório dist, encontraremos o arquivo all.min.js, com o seguinte conteúdo:

Conteúdo do arquivo all.min.js

É realmente mais prático usar o Gulp. Antes de continuarmos, vamos fazer apenas uma pequena refatoração. O módulo do Gulp é muito amplo. Assim, realizar o require de seu módulo completo pode deixar nosso projeto um pouco mais pesado. Uma alternativa para resolver essa questão é usar o recurso de Atribuição por Desestruturação (palavra difícil hein), que foi implementado na versão ES6 do JavaScript, ou EcmaScript2015. Essa atribuição consiste em realizarmos o require de apenas uma parte do módulo, usando chaves para isso. No caso do módulo do gulp, nós usamos dois métodos: src() e dest(). Para realizar a requisição de apenas esses dois recursos, vamos deixar a primeira linha do arquivo gulpfile.js assim:

const { src, dest } = require('gulp');

Dessa forma nosso código fica mais leve. E agora, ao invés de chamar gulp.src() ou gulp.dest(), iremos usar apenas o nome dos métodos, o que deixará nossas funções da seguinte maneira:

function stylesMethod() {

	return src("./assets/css/*.css")
		.pipe(concat("all.css"))
		.pipe(cssmin())
		.pipe(rename({ suffix: ".min" }))
		.pipe(dest("./dist"));
    	
}

function scriptsMethod() {

   return src("./assets/js/*.js")
	.pipe(concat("all.js"))
	.pipe(uglify())
	.pipe(rename({ suffix: ".min" }))
	.pipe(dest("./dist"));
   
}

Você pode aprender mais sobre os recursos do EcmaScript2015, como também de todo o JavaScript em nosso Curso Completo de JavaScript, onde criamos sete projetos reais usando essa incrível linguagem.

Agora que realizamos essa pequena refatoração, vamos implementar o último módulo, o watch(). Diferentemente do Grunt, que precisamos baixar um módulo externo para essa tarefa, o Gulp possui um módulo próprio para isso. Para realizar o import dele em nosso projeto, basta adicionar o watch em nossa atribuição por desestruturação:

const { src, dest, watch } = require('gulp');

Vamos criar uma função que irá vigiar a alteração nos arquivos de nossos diretórios. Seu conteúdo será o seguinte:

function watchFiles() {

    watch("./assets/css/*.css", stylesMethod);
    
    watch("./assets/js/*.js", scriptsMethod)
;
    
}

Explicando: não é necessário definir o return para o método watch(). Nós o executamos duas vezes. O primeiro parâmetro desse método envolve informar os arquivos que devem ser “vigiados”, e o segundo parâmetro define a função que será executada quando os arquivos forem alterados.

Vamos exportar essa função como o método padrão do Gulp. Assim, ao executar apenas gulp no Terminal, já estaremos vigiando as alterações nos arquivos. Para realizar essa exportação, iremos definir a função na propriedade default do exports, com o seguinte código:

exports.default = watchFiles;

Agora, quando executamos gulp, vemos o seguinte resultado no Terminal

Resultado do comando em nosso Terminal

E, ao alterar qualquer arquivo JS ou CSS, veremos o seguinte:

Resultado em nosso Terminal após alterarmos algum arquivo

Vemos que as tarefas são executadas e o Gulp continua vigiando as alterações para nós.

Conclusão

Por meio desses exemplos conseguimos entender os recursos do Gulp, junto com as novidades de sua versão 4.0. Percebemos que ele é realmente mais simples, mais legível e simples de implementar em nossos projetos. Além disso, ele é bem rápido. Se estiver na dúvida se deve usar ou não o Gulp, pode instalá-lo sem medo, ele é uma ferramenta sensacional!

Você pode encontrar os códigos desenvolvidos nesse artigo em nosso GitHub.

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Até o próximo artigo! :)

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